Crónica do Festival – VI

IMG 9346O dia 2 de dezem­bro foi o sex­to do fes­ti­val “Cami­nhos do Cine­ma Por­tu­guês”. Pas­sa­das que eram já incon­tá­veis horas de visu­a­li­za­ção de novís­si­mas obras cine­ma­to­grá­fi­cas de pro­du­ção naci­o­nal, feliz­men­te fal­ta­vam ain­da algu­mas mais, pois se há uma pala­vra que pode defi­nir este sex­to dia, essa pala­vra é “pode­ro­so”.

Às 14.30 foi pos­sí­vel assis­tir, no Mini-Audi­tó­rio Sal­ga­do Zenha, ao quar­to e últi­mo seg­men­to de “No Tri­lho dos Natu­ra­lis­tas”, que exi­biu o fil­me São Tomé e Prín­ci­pe, de Luí­sa Homem. Enquan­to a ses­são decor­ria, come­ça­va às 15.00h, na sala prin­ci­pal do TAGV, a pri­mei­ra do dia da Sele­ção Cami­nhos, com­pos­ta pela cur­ta-metra­gem Nyo Weta Naf­ta, de Ico Cos­ta, e pela lon­ga-metra­gem mais recen­te de Luís Fili­pe Rocha, Rosas de Erme­ra, que cons­ti­tuiu uma vali­o­sa opor­tu­ni­da­de para rever este fil­me bas­tan­te rele­van­te e que é assi­na­do por um dos mais impor­tan­tes cine­as­tas por­tu­gue­ses das últi­mas décadas.

Os Cami­nhos não se inter­rom­pem, e às 16.30h, outra vez no Mini-Audi­tó­rio Sal­ga­do Zenha, tinham iní­cio as pro­je­ções dos cin­co fil­mes do dia da Sele­ção Ensai­os Inter­na­ci­o­nais, mas, uma hora depois, o segun­do gon­go da sala prin­ci­pal do TAGV lem­bra­va que esta­va pres­tes a come­çar a segun­da ses­são da Sele­ção Cami­nhos. É um fac­to que as sobre­po­si­ções dos horá­ri­os das ses­sões podem ser um cons­tran­gi­men­to, mas, ten­do em con­ta que exis­tem mais de ses­sen­ta horas de cine­ma para mos­trar em menos de uma sema­na, é real­men­te neces­sá­rio que seja des­te modo. Por isso, como em tudo o res­to na vida, veja-se o lado posi­ti­vo: Luis Buñu­el, no seu livro de memó­ri­as, evo­ca as noi­tes pas­sa­das com Bre­ton e com outros com­pag­nons de rou­te sur­re­a­lis­tas a nave­gar de sala de cine­ma em sala de cine­ma, de for­ma a que, obten­do a sua pró­pria expe­ri­ên­cia de mon­ta­gem fíl­mi­ca, pudes­sem encon­trar novos sen­ti­dos nos seg­men­tos dos fil­mes que viram, em vez de ade­ri­rem pas­si­va­men­te à visão do rea­li­za­dor. E quem esco­lheu sair a meio da ses­são das 16.30h para se diri­gir ao TAGV cer­ta­men­te que não ficou arre­pen­di­do, já que, depois das cur­tas-metra­gens Qual­quer Coi­sa de Belo, de Pedro Sena Nunes, e Vou-me des­pe­dir do rio, de David Gomes, pôde assis­tir a outro “mur­ro no estô­ma­go” des­ta XXIII edi­ção do fes­ti­val: a lon­ga-metra­gem Luz Obs­cu­ra, de Susa­na Sou­sa Dias.

O dia ter­mi­nou com a últi­ma ses­são da noi­te da Sele­ção Cami­nhos des­ta edi­ção, que con­te­ve mais qua­tro fil­mes assi­na­lá­veis: A Gru­ta de Darwin, de Joa­na Tos­te, Cou­pe de Grâ­ce, de Salo­mé Lamas, Altas Cida­des de Ossa­das, de João Sala­vi­za, e Tar­ra­fal, de João Para­de­la. Foi um dia cheio de cine­ma por­tu­guês e de emo­ções for­tes. E fal­ta ain­da mais um.

Bru­no Fontes
2017

Sai­ba mais na seguin­te liga­ção: Cró­ni­ca do Fes­ti­val – VI.