Albinismo, africanidade, sentimento de presença e o valor da família marcam tarde de dia 25

45338816174 237938b358 kAs exi­bi­ções ini­ci­a­ram-se pelas 15H no Tea­tro Aca­dé­mi­co Gil Vicen­te (TAGV), com a Sele­ção Cami­nhos. “Anteu” de João Vla­di­mi­ro e “A Árvo­re” de André Gil Mata foram os esco­lhi­dos para a ses­são.  “Anteu” con­ta a his­tó­ria de uma cri­an­ça, Anteu, que vive numa peque­na aldeia, da qual, aos 17 anos se tor­na no úni­co habi­tan­te. Um dia, na sua soli­dão, aper­ce­be-se que não terá nin­guém para o enter­rar e deci­de que terá de ser ele mes­mo a fazê-lo. “A Árvo­re”, por sua vez, retra­ta um cená­rio de guer­ra e mos­tra o per­cur­so de uma cri­an­ça e de um homem, que se encon­tram na soli­dão e par­ti­lham um segredo. 

Às 17H30, nos Cine­mas NOS no Alma Shop­ping, ini­ci­ou-se mais uma ses­são de Sele­ção Ensai­os onde foram exi­bi­dos vári­os fil­mes inter­na­ci­o­nais e um fil­me naci­o­nal. “Mate­ria” de Mari­na Jiga­lo­va-Ozkan, “Roots” de Den­nis Tsai, “Not Another War Movie” de Stepha­nie Kous­sa, “The Black­god” de Grze­gorz Paprzyc­ki, “Without Water” de Ene­os Çar­ka e “Crab Man” de Wally­son Mota e Ali­ne Pel­le­gri­ni foram as obras inter­na­ci­o­nais sele­ci­o­na­das. “Os Estran­gei­ros” de Rita Al Cunha foi a cur­ta por­tu­gue­sa que faz par­te des­ta ses­são. Tra­ta a des­co­ber­ta de uma vila rai­a­na no nor­te de Por­tu­gal, onde a melan­co­lia dita o rumo dos Homens. 

No mes­mo horá­rio, o públi­co reu­niu-se no TAGV para mais uma ses­são da Sele­ção Cami­nhos, onde foram exi­bi­dos três fil­mes com mar­ca afri­ca­na. Come­çou por ser apre­sen­ta­da “Mad­ness”, uma cur­ta de João Via­na. De segui­da, foi a vez de “Pele de Luz” de André Gui­o­mar se estre­ar no fes­ti­val. O rea­li­za­dor da obra este­ve pre­sen­te e subiu ao pal­co para res­pon­der às dúvi­das dos espe­ta­do­res e cla­ri­fi­car alguns pon­tos sobre o fil­me. Contextualizou‑o antes da sua exi­bi­ção expli­can­do que “em Moçam­bi­que, há um pro­ble­ma de rap­tos a pes­so­as albi­nas. Os curan­dei­ros pedem ossos, cabe­los, unhas de pes­so­as albi­nas aos seus cli­en­tes para pra­ti­ca­rem magia negra” e acres­cen­tou que “este fil­me mos­tra uma sobre­vi­ven­te a um des­tes rap­tos”. Con­si­de­ra ain­da que é um “tema urgen­te a documentar”. 

A últi­ma obra a ser exi­bi­da na ses­são foi “O Can­to do Osso­bó”, cujo rea­li­za­dor Silas Tiny tam­bém este­ve pre­sen­te. No fil­me, é tam­bém men­ci­o­na­do o albi­nis­mo, nome­a­da­men­te na “len­da con­ta­da pelos mais velhos sobre uma sereia albi­na no rio, sím­bo­lo de ter­ror e bonan­ça, depen­den­do do seu esta­do de espí­ri­to e do inte­ri­or da pes­soa” expli­cou Silas Tiny. A obra tra­ta tam­bém pro­ble­mas como a escra­va­tu­ra e os maus tra­tos aos tra­ba­lha­do­res em São Tomé e Prín­ci­pe no sécu­lo pas­sa­do. O rea­li­za­dor faz uma liga­ção da len­da com o pro­ble­ma da escra­va­tu­ra no país, dizen­do que “apa­ren­te­men­te, no exte­ri­or, é uma coi­sa bela, mas por den­tro, exis­te escra­va­tu­ra e ter­ror”. Silas Tiny, nas­ceu em São Tomé, mas saiu de lá mui­to cedo. As memó­ri­as que tem da sua infân­cia são pou­cas e diz que quan­do regres­sou ao seu país natal, antes das fil­ma­gens, não hou­ve um sen­ti­men­to de per­ten­ça. Dei­xou o públi­co com uma per­gun­ta à qual ele pró­prio admi­te não saber a res­pos­ta: “Será que o sítio onde nas­ce­mos é de fac­to o ter­ri­tó­rio a que pertencemos?”.

Ain­da às 17H30, no Mini-audi­tó­rio Sal­ga­do Zenha, ini­ci­a­va-se mais uma ses­são des­ta vez, a Outros Olha­res. Come­çou-se por exi­bir “Mother’s Day” de Rita Figuei­ra. De segui­da, foi a vez de se assis­tir a “Maria Sem Peca­do” de Mário Mace­do, docu­men­tá­rio que con­ta a his­tó­ria de Rui, que após pas­sar 10 anos na cadeia, vol­ta a viver com a mãe, com Alzhei­mer, que luta para reco­nhe­cer o seu filho. “Tem­po Comum” de Susa­na Nobre, foi o fil­me que fechou a ses­são. Um docu­men­tá­rio que mos­tra os dias de uma recém-mãe e da sua filha, visi­ta­das por fami­li­a­res e ami­gos que lhes con­tam his­tó­ri­as de vida.

Méla­nie Fernandes

Sai­ba mais na seguin­te liga­ção: Albi­nis­mo, afri­ca­ni­da­de, sen­ti­men­to de pre­sen­ça e o valor da famí­lia mar­cam tar­de de dia 25.