Tráfico de mulheres: motivo de reflexão no cinema português

IMG 1774 3No dia 25 de novem­bro, a XXIV edi­ção do fes­ti­val Cami­nhos do Cine­ma Por­tu­guês con­ti­nu­ou a sua mos­tra na sala do Tea­tro Aca­dé­mi­co Gil Vicen­te numa ses­são mar­can­te. A cur­ta-metra­gem “Ter­ra Ama­re­la”, de Dinis M. Cos­ta e o fil­me “Car­ga”, de Bru­no Gas­con, fize­ram suces­so gra­ças à crua rea­li­da­de que representam.

No Dia Inter­na­ci­o­nal para a Eli­mi­na­ção da Vio­lên­cia con­tra as Mulhe­res, a ses­são das 21h45  inci­diu sobre o tema do trá­fi­co huma­no, e con­tou com a pre­sen­ça do res­pe­ti­vo rea­li­za­dor da cur­ta Dinis M. Cos­ta e a pro­du­to­ra Caro­li­na Cas­tro Almei­da, bem como com a pre­sen­ça de Bru­no Gas­con, rea­li­za­dor do fil­me “Car­ga” e de Joa­na Domin­gues, produtora.

A cur­ta-metra­gem “inci­de mais sobre o pro­ces­so de tran­si­ção em si”, escla­re­ce Dinis M. Cos­ta, dei­xan­do que o espe­ta­dor ima­gi­ne e refli­ta sobre outros por­me­no­res ine­ren­tes ao trá­fi­co de pessoas.

O fil­me “Car­ga”, que “exi­giu uma pro­fun­da inves­ti­ga­ção sobre o tema”, admi­te o rea­li­za­dor Bru­no Gas­con, incor­po­ra, no seu elen­co, gran­des nomes do cine­ma por­tu­guês como Rita Blan­co, Vítor Nor­te e Ana Cris­ti­na Oli­vei­ra. Con­ta tam­bém com a estreia da mode­lo Sara Sam­paio como atriz, que desem­pe­nha o papel de Anna, uma das jovens traficadas.

Nes­ta ses­são, esti­ve­ram pre­sen­te, Miguel Bor­ges, Duar­te Gri­lo, Dmi­try Bogo­mo­lov e Rui Por­to Nunes, par­te do elen­co de “Car­ga”, que par­ti­lha­ram com o públi­co a sua expe­ri­ên­cia e dei­xa­ram ape­los. Dmi­try refe­re, no final da ses­são, que “não é difí­cil encon­trar esta rea­li­da­de no dia-a-dia” e reve­la que ele pró­prio viven­ci­ou uma situ­a­ção seme­lhan­te, sen­do que este fil­me lhe per­mi­tiu “recor­dar” o que sen­tiu. Rui Por­to Nunes real­ça que “se a situ­a­ção é dura para quem pas­sa por ela, que seja tam­bém para quem a vê”. Admi­te ain­da que a cena que desem­pe­nha nes­te fil­me foi “a mais difí­cil” que algu­ma vez fez, uma vez que desem­pe­nha o papel de um violador.

Para­le­la­men­te a esta ses­são, decor­reu outra, que teve lugar no Mini Audi­tó­rio Sal­ga­do Zenha. O audi­tó­rio foi pal­co da cur­ta metra­gem “John 746”, de Ana Vij­dea e da lon­ga metra­gem “Edu­ar­do Gale­a­no Vaga­mun­do”, de Feli­pe Nepo­mu­ce­no. A cur­ta, retra­ta a vida de um homem que dedi­ca o seu tem­po a pin­tar um rema­ke do mural Guer­ni­ca, de Pablo Picas­so, a dis­tri­buir livros e a cui­dar do seu ami­go cani­no “Baku­nin”. Na ten­ta­ti­va de ven­der a sua arte, John ado­ta uma estra­té­gia dife­ren­te: des­truir arte.

A noi­te encer­ra-se com a obra cine­ma­to­grá­fi­ca “Edu­ar­do Gale­a­no Vaga­mun­do”, que home­na­geia o escri­tor com um docu­men­tá­rio envol­ven­te base­a­do na lei­tu­ra da suas obras. 

Bea­triz Grave

Sai­ba mais na seguin­te liga­ção: Trá­fi­co de mulhe­res: moti­vo de refle­xão no cine­ma por­tu­guês.