A visão crua da sexualidade: histórias de amor e intimidade

MG 0886Dia 30 de Novem­bro, às 21H45, o Tea­tro Aca­dé­mi­co Gil Vicen­te (TAGV) foi mar­ca­do por qua­tro ses­sões pin­ta­das das cores do arco-íris. A comu­ni­da­de LGBT+ foi refle­ti­da ao lon­go dos fil­mes, de for­ma a demons­trar a urgên­cia da natu­ra­li­za­ção da sexu­a­li­da­de na soci­e­da­de. “Let­ters from Childho­od” de José Magro, “Anjo” de Miguel Nunes, “Self Des­truc­ti­ve Boys” de André San­tos e Mar­co Leão e “Até que o por­no nos sepa­re…” de Jor­ge Peli­ca­no foram os esco­lhi­dos para a ses­são. Estes fil­mes apre­sen­ta­ram dife­ren­tes his­tó­ri­as de lutas inter­nas sobre as rela­ções humanas.

A noi­te arran­cou com a cur­ta-metra­gem “Let­ters from Childho­od” onde nos foi expos­ta a his­tó­ria de amor entre Sarah e Kate. Um amor des­cri­to entre as vári­as car­tas que Kate escre­veu à sua ami­ga onde ambas des­co­bri­ram o afe­to, a dor e os limi­tes de cada uma. Limi­tes esses que ape­nas con­se­gui­ram ser supe­ra­dos pela empa­tia e amizade. 

Anjo” foi o pri­mei­ro docu­men­tá­rio da noi­te. Foca-se na memó­ria de uma pai­xão de Miguel. Somos reme­ti­dos para a via­gem do rapaz até Nova Ior­que onde ele se reen­con­tra com o seu ami­go. Pou­co tem­po depois é mos­tra­do como foi a his­tó­ria de amor que Miguel viveu duran­te o verão. Entre fes­tas e músi­ca está repre­sen­ta­do o calor da pai­xão entre estes dois homens. O dire­tor defen­de que a sexu­a­li­da­de deve ser enca­ra­da de for­ma natu­ral de modo a “con­se­guir­mos con­quis­tar mais espa­ço na soci­e­da­de para que esta não seja vis­ta como algo de errado”.

Em ter­cei­ro lugar, con­tá­mos com “Self Des­truc­ti­ve Boys”, uma cur­ta-metra­gem onde é abor­da­do o limi­te da inti­mi­da­de mas­cu­li­na. São apre­sen­ta­dos três rapa­zes, Antó­nio, Xavi­er e Miguel, que têm de apren­der a lidar com a con­fu­são que pode exis­tir entre as rela­ções huma­nas e o dese­jo sexu­al. Uma cur­ta mar­ca­da pela explo­ra­ção inte­ri­or e o cons­tran­gi­men­to humano. 

A noi­te aca­bou com a estreia naci­o­nal de “Até que a por­no nos sepa­re…”. O mais recen­te docu­men­tá­rio de Jor­ge Peli­ca­no que tra­ta da his­tó­ria verí­di­ca de Eulá­lia, uma mãe que des­co­briu atra­vés da inter­net que o seu filho era ator por­no gay por­tu­guês. Sen­do que as redes soci­ais têm um gran­de impac­to no decor­rer des­ta nar­ra­ti­va, Eulá­lia defen­de que foi atra­vés des­tas que “con­se­guiu che­gar ao mun­do do filho, que con­se­guiu unir a sua famí­lia”. São as redes soci­ais e a cer­te­za de que amor de mãe é incon­di­ci­o­nal que fazem com que Eulá­lia supe­re os valo­res que lhe foram sem­pre incu­ti­dos e os seus pre­con­cei­tos e con­se­gue acei­tar o seu filho. Esta mãe sen­te que saiu des­te fil­me “mais ama­da e mais com­pre­en­si­va, pois sou eu que tenho de sair do armá­rio e não o meu filho”.

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Duran­te a noi­te, o públi­co foi inter­pe­la­do por his­tó­ri­as que tra­tam de temas “fora da cai­xa”. Temas que devem ser cada vez mais demons­tra­dos e dis­cu­ti­dos, para que as fobi­as desa­pa­re­çam den­tro de nós. Esta sele­ção de exi­bi­ções é um exem­plo cla­ro do “cine­ma a pôr-se ao ser­vi­ço da soci­e­da­de”, defen­de Jor­ge Pelicano.

Júlia Ber­tas­so­ni

Sai­ba mais na seguin­te liga­ção: A visão crua da sexu­a­li­da­de: his­tó­ri­as de amor e inti­mi­da­de.