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CAMILLE CLAUDEL 1915: Esculpindo uma loucura biográfica

Quem conhe­ce a trá­gi­ca bio­gra­fia da escul­to­ra Camil­le Clau­del, pen­sa que vai para a sala assis­tir a um géne­ro de rema­ke do fil­me de 1988 de Bru­no Nuyt­ten. Desen­ga­ne-se o espec­ta­dor, pois o que irá assis­tir é um mer­gu­lho pro­fun­do em Camil­le Clau­del per se e não naque­la bio­gra­fia de cor­del que retra­ta tra­gi­ca­men­te os últi­mos anos da artis­ta no asi­lo psi­quiá­tri­co. O úni­co pon­to em comum é aque­le que o títu­lo nos reve­la: tra­ta-se de Camil­le Clau­del e o ano é o de 1915. 
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The BLING RING — 2013

Sofia Cop­po­la tem-nos reve­la­do, ao lon­go dos anos, for­mas dife­ren­tes de ver o cine­ma. Cri­ou um géne­ro mui­to pró­prio, habi­tu­an­do assim um nicho de ciné­fi­los a um cer­to tipo de lin­gua­gem ora artís­ti­ca, ora con­tro­ver­sa. Do ines­que­cí­vel e ina­ba­lá­vel ‘Vir­gens Sui­ci­das’ (1999), ao dos seus últi­mos ‘Marie Antoi­net­te’ (2006), pare­ce que nos tes­ta a nós, espec­ta­do­res, ao mes­mo tem­po que ensaia os seus limi­tes de realizadora.
A Gaiola Dourada Destaque1

Gaiola Dourada — 2013 ↗

‘Gai­o­la Dou­ra­da’ (‘La cage dorée’), de Ruben Alves, retra­ta a his­tó­ria de Maria (Rita Blan­co) e José (Joa­quim de Almei­da), um casal por­tu­guês, uma por­tei­ra e um faz-tudo, que há 30 anos emi­grou para Paris em bus­ca de uma vida melhor do pon­to de vis­ta labo­ral e soci­al. Comum a esta bio­gra­fia encon­trar-se-ão uma série de por­tu­gue­ses, que ten­ta­ram pro­cu­rar um tra­ba­lho assa­la­ri­a­do está­vel, aca­ban­do por cons­truir a sua vida nes­sa Fran­ça mul­ti­cul­tu­ral. Maria e José serão, então, uma cari­ca­tu­ra de todos esses casais que nos anos 1970 esca­pa­ram da fúria revo­lu­ci­o­ná­ria, de um país sem­pre à bei­ra do pre­ci­pí­cio, ten­do den­tro de si o espí­ri­to dos egré­gi­os avós, mas filhos assu­mi­da­men­te fran­ce­ses e repug­nan­do toda uma cul­tu­ra da qual se enver­go­nham, no caso Pau­la e Pedro. A pri­mei­ra, noi­va de um fran­cês de gema, o segun­do um ado­les­cen­te que se ten­ta inte­grar no ensi­no secun­dá­rio, onde ser filho de por­tu­guês é moti­vo de crítica.