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O Jardim das Aflições de Josias Teófilo
O pensamento de Olavo de Carvalho personificado pela sua presença, rotina de trabalho e convívio familiar na Virgínia (EUA), onde mora atualmente. O filme parte dos temas do livro homônimo que ele publicou em 1995, tais como o simbolismo dos jardins na tradição filosófica, liberdade individual e opressão do coletivo, o pensamento aristotélico, e chega a um dos temas centrais do seu pensamento: a morte e a filosofia – aquelas ideias que continuam sendo importantes para nós em face da morte – tendo como mote a pergunta: “O que você vai fazer com a sua vida enquanto é tempo?”.
A sessão ocorrerá no dia 18 de dezembro às 22:00 e a entrada no Mini-Auditório Salgado Zenha é livre.
Ensaio sobre a Cegueira de Fernando Meirelles
Pessoanos comentam o “Filme do Desassossego”
Para responder a esta pergunta contamos com a presença de três peritos na obra de Fernando Pessoa; António Apolinário Lourenço, Bruno Fontes e Manuel Portela.
António Apolinário Lourenço
António Apolinário Lourenço é professor de literatura na Universidade de Coimbra, onde coordena a secção de Estudos Espanhóis. Integra a Comissão Executiva do Centro de Literatura Portuguesa da mesma universidade. É autor ou editor de vários livros publicados em Portugal, Espanha e Brasil, entre os quais uma História da Literatura Espanhola (1994, em colaboração com Eloísa Álvarez), uma Historia de la Literatura Portuguesa (2000, coeditor, com José Luis Gavilanes), Identidade e alteridade em Fernando Pessoa e Antonio Machado (1995; com edição espanhola de 1997), Eça de Queirós e o Naturalismo na Península Ibérica (2005), Estudos de literatura comparada luso-espanhola (2005), Fernando Pessoa (2009), Guia de leitura. Mensagem de Fernando Pessoa (2011), Literatura, Espaço, Cartografias (2011, coeditor, com Osvaldo Manuel Silvestre), Poderes y Autoridades en el Siglo de Oro: Realidad y Representación (2012, coeditor com Jesús M. Usunáriz), O Século do Romance. Realismo e Naturalismo na Ficção Oitocentista (2013, coeditor com Maria Helena Santana e Maria João Simões) e O Modernismo (2015, em colaboração com Carlos Reis). A sua edição comentada da Mensagem de Fernando Pessoa foi lançada no Brasil em 2015, na coleção de clássicos da Ateliê Editorial.
Bruno Fontes
Bruno Fontes licenciou-se em Estudos Portugueses e Lusófonos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e concluiu, na mesma instituição, o Mestrado em Estudos Artísticos, na área de estudos fílmicos. Tem desenvolvido atividades em conjunto com diversas associações culturais em Coimbra, no Porto e na Figueira da Foz. As suas áreas de interesse centram-se no diálogo do cinema com as outras artes, das quais se destacam a literatura e a música, e na análise da arte e da cultura de massas na sociedade contemporânea. Está neste momento a frequentar o Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura na Universidade de Coimbra.
Manuel Portela
Manuel Portela é professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde dirige o Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura (Programa de Doutoramento FCT). É membro do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, sendo o investigador responsável pelo Arquivo LdoD (https://ldod.uc.pt/), um arquivo digital dedicado ao Livro do Desassossego, a publicar em 2017. O seu últimolivro intitula-se Scripting Reading Motions: The Codex and the Computer as Self-Reflexive Machines (MIT Press, 2013).
Filme do Desassossego de João Botelho
A Instalação do Medo, um filme de Ricardo Leite
Estive em Lisboa e Lembrei de Você um Filme de José Barahona
LONGE DOS HOMENS de David Oelhoffen
um inverno gelado, Daru, o professor solitário, tem de escoltar Mohamed, um aldeão acusado de homicídio. Perseguidos por homens a cavalo que procuram justiça sumária e colonos vingativos,
os dois homens decidem enfrentar o desconhecido. Juntos, lutam para obter a sua liberdade. É exibido no Mini-Auditório Salgado Zenha no próximo dia 19 de Outubro às 22:00. A entrada é livre.
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Daru (Viggo Mortensen) é um professor idealista que apenas deseja ajudar os seus jovens alunos a crescer e ter uma vida melhor. Um dia é obrigado a escoltar Mohamed (Reda Kateb), um aldeão acusado de homicídio, até à cidade de Tinguit, onde terá de ser entregue à polícia para julgamento. Apesar da recusa inicial, Daru aceita a missão. Porém, perseguidos por homens que procuram fazer justiça pelas suas próprias mãos, os dois vêem-se perdidos no deserto. Sem escolha, eles sabem que têm de continuar o caminho, mesmo cientes das poucas hipóteses de sobreviver aos perigos da jornada…
Introdução Histórica
LONGE DOS HOMENS, do realizador francês David Oelhoffen, uma adaptação de um conto, L’hôte, do filósofo franco-argelino Albert Camus – é um western inteligente e de combustão lenta,
com uma banda sonora atmosférica de Nick Cave e Warren Ellis e uma interpretação excepcional de Viggo Mortensen. (…) Mortensen faz o papel de Daru, um professor santo que trabalha na Argélia, em 1954, no começo da sua luta pela independência dos franceses. Daru ensina miúdos numa escola minúscula, no alto das montanhas do Atlas, mas este homem tem claramente mais qualquer coisa. O seu rosto curtido parece retirado das montanhas por trás da escola e
sabe manejar uma arma quando soldados franceses lhe trazem um argelino local, Mohamed (Reda Kateb), que confessou ter morto um primo, numa discussão sobre trigo roubado. Sem mãos a medir com a luta contra os combatentes da liberdade argelinos, os soldados pedem a Daru para entregar Mohamed ao tribunal, que fica a um dia de viagem. Daru recusa, argumentando que estaria a levar o prisioneiro para a sua morte. Mas quando os soldados partem e Mohamed se recusa a fugir, ele não tem muita escolha.
O REALIZADOR
David Oelhoffen nasceu em França. Realizou as curtas-metragens LE MUR (1996), BIG BANG (1997), EN MON ABSENCE (2001), ECHAFAUDAGES (2004) e SOUS LE BLEU (2004) e a longa-metragem NOS RETROUVAILLES (2007). LOIN DES HOMMES / LONGE DOS HOMENS (2014) é o seu último filme.
DECLARAÇÃO DO REALIZADOR
Desde a primeira leitura do conto de Camus, L’hôte, visualizei um western. Um western não convencional, é certo, impregnado de história europeia e tendo como fundo as terras altas do norte de África, mas ainda assim um western. Fiel aos códigos, há colonizadores e colonizados, um prisioneiro a escoltar e uma trama que desagua em violência. No centro da história e dos seus personagens encontra-se uma colisão entre dois sistemas jurídicos. Testemunhamos duas culturas e duas morais forçadas a coexistir pela história. Tinha sonhado com ir buscar o Viggo Mortensen.
A sua singularidade encaixava perfeitamente no papel. Reda Kateb – misterioso, opaco e com os pés no chão – funcionava como contraponto perfeito. A paisagem desértica assume o papel de
personagem, na história. Sob a luz radiante do norte de África, constituía uma companhia bela mas imprevisível para o filme.
Adaptar esta história ao cinema implicava dotar os personagens de mais substância e tornar a narrativa mais densa. Uma das formas de o fazer foi incluir o contexto argelino e o começo da guerra. Mas a maior mudança foi alterar a natureza da relação entre Daru e o jovem argelino, que resultou num fnal claramente diferente para a história de Camus.
Sempre com a ideia de conservar o espírito de , cujas preocupações me parecem muito actuais: preocupações acerca da humanidade, a denúncia
da injustiça e, acima de tudo, a difculdade do compromisso moral.
A trajectória de Daru é também a de um homem que quer salvar outro, apesar de ele ser um criminoso, mas eu queria intensificar a energia que Daru despende a convencer o prisioneiro a não
obedecer à lei da sua comunidade, nem a entregar-se à igualmente injusta lei dos colonizadores.
Também imaginei um personagem mais atormentado e maltratado do que no original, um homem que tinha vivido a guerra e que queria fugir à violência, um homem carregado de pesar, que o impele a abrigar-se da vida. E, por último, um homem com uma identidade dolorosa: filho de espanhóis, é um europeu e visto como tal pelos aldeões, mas não se esqueceu de que, uma geração antes, os seus pais andaluzes eram considerados “árabes”.
No caso de Mohamed, eu sobretudo não queria que o personagem fosse a figura do árabe perturbante, tão misterioso e opaco como na história original, mas antes um homem com as suas razões, a sua própria moral e que se abre gradualmente ao que Daru propõe – a possibilidade de agir por si, enquanto indivíduo.
Notas da Crítica
“LONGE DOS HOMENS descarna a narrativa, fica-lhe só com o osso, e esse “osso” é universal: um território não dominado, quase selvagem.” — Público
“Fiel, não à letra, mas ao espírito de Albert Camus, do qual adapta um conto, L’hôte, o cineasta dirige os actores com uma delicadeza rara.” — Télérama
“É, simplesmente, um grande western tradicional: a língua e os detalhes culturais podem ser diferentes, mas a elegância esparsa e os dilemas morais são familiares e tão sugestivos como sempre (…). LONGE DOS HOMENS é, de forma discreta, um filme grandioso e belo.” — Indiewire
“O que faz com que funcione é a eficiência solene com que o realizador David Oelhoffen conta a história e a intensidade silenciosa dos dois protagonistas: a ternura rude do olhar de Mortensen contrapõe-se bem ao comportamento conflituante de Kateb.” — New York Magazine
Camus estabelece o rumo inicial do filme, mas Oelhoffen leva‑o firmemente a bom porto com contexto político, análise histórica retrospectiva, um imperativo moral inequívoco e um par de interpretações bem emparelhadas. Dito de outra forma, apropria-se da história. — New York Times
Ficha Técnica
Título original
Loin des Hommes (França, 2014, 101 min.)
Realização
David Oelhoffen
Interpretação
Viggo Mortensen, Reda Kateb, Djemel Barek
Argumento
David Oelhoffen, a partir da obra O Hóspede de Albert Camus
Fotografia
Guillaume Deffontaines
Montagem
Juliette Welfling
Musica
Nick Cave e Warren Ellis
Produção
Marc du Pontavice, Matthew Gledhill
Classificação
M/12
Estreia em Portugal
6 de Agosto de 2015
Distribuição
Alambique