A 28 de Dezembro de 1895, no Salon Indien du Grand Café em Paris, os irmãos Louis e Auguste Lumiére fizeram pela primeira vez uma exibição comercial de cinema. Esta efeméride marca assim a fundação do conceito de sala de cinema e de bilheteira, numa sessão programada com 10 filmes dos irmãos e 33 espectadores.
125 anos depois, o Centro de Estudos Cinematográficos celebra este ímpeto de fazer e dar a ver cinema em sala, trazendo uma obra de um realizador que também uniu no seu trabalho a vontade de criar e exibir: Philipp Hartmann. Realizador de “O Tempo Passa como um Leão que Ruge” (2013), percorreu cerca de 20.000Km a mostrar esta sua obra por toda a Alemanha. Este percurso resultou no filme “66 Kinos”, que documenta cinematograficamente o universo das salas de exibição, os responsáveis e os vários públicos.
Numa época em que o cinema e o audiovisual enfrentam um desafio quanto à sua forma de produção e respectivas plataformas de exibição, apresentamos “66 Kinos” como um registo histórico do estado actual do(s) cinema(s), questionando o seu futuro entre objecto de arte contemporânea (em contexto museológico ou salas de cinema) ou entretém prosaico (em multi e megaplexes, ou mesmo em cafés e bares).
Em “66 Kinos”, Hartmann mostra-nos 66 salas de cinema, todas elas diferentes, cada uma com um tipo de público e com programadores e responsáveis com distintas formas de ver e mostrar cinema.
A 28 de Dezembro, pelas 20:30, no Estúdio 2 do Galerias Avenida, convidamos a ver em sala um filme que questiona o lugar que ocupamos no cinema como espectadores e o espaço que o cinema tem na vida social, cultural e política em geral no século XXI.
Com a ajuda de uma única câmara, em “66 Cinemas” Hartmann filma os verdadeiros protagonistas do Cinema: os responsáveis pelos bastidores. As pessoas por detrás da bilheteira. Os seus animais de estimação. Os passatempos com que ocupam as horas mortas. As histórias de como se apaixonaram por este mundo, muitos ainda na infância e adolescência, e fizeram carreira nele para proporcionar a mais jovens essa mesma paixão. Os muitos telefonemas a pedir informações sobre os horários de exibição de determinada película. As toneladas de pipocas. O velho. As películas em 35 mm e os retroprojectores. O novo. O comercial e o mais ecléctico. As várias gerações de uma mesma família ligadas à gerência de uma sala de cinema. Os pessimistas, que vêem a evolução da indústria como desmoralizante. Os optimistas, que acreditam que a tecnologia pode conviver com métodos mais tradicionais. Os que defendem que os pequenos cinemas não estão todos condenados à falência e os corajosos que, ainda hoje, decidem abrir novas salas. A diminuição da afluência de expectadores. As artimanhas para contornar a crise. O declínio de uma arte que a digitalização veio mudar para sempre, e as soluções que se encontram para a manter viva.
Esta sessão marca também a nossa última exibição de 2020. Em 2021 regressaremos com a mesma motivação. Nesta sessão os sócios do Centro de Estudos Cinematográficos e da Caminhos do Cinema Português – Associação de Artes Cinematográficas de Coimbra, têm entrada gratuita. Estudantes e Comunidade da Universidade de Coimbra 3€, restante Público 4€.
Bilhetes disponíveis online e na meia hora antes da sessão na Bilheteira do Cinema Avenida.