CRITÍCA: LONGLEGS — o colecionador de Espectadores ansiosos

longlegs

O rea­li­za­dor de “Lon­glegs” (em Por­tu­gal, “O Cole­ci­o­na­dor de Almas”), Oz Per­kins (filho do ator Anthony Per­kins, que inter­pre­tou Nor­man Bates em “Psy­cho”, de Alfred Hit­ch­cock) tem vin­do a con­so­li­dar o seu nome den­tro da indús­tria cine­ma­to­grá­fi­ca no géne­ro de ter­ror, depois do seu fil­me ante­ri­or “Gre­tel & Han­sel” ter gera­do bas­tan­te discussão.

No entan­to, o seu mais recen­te tra­ba­lho alavancou‑o para outro pata­mar. “Lon­glegs”, o seu melhor tra­ba­lho até ago­ra, escri­to e rea­li­za­dor pelo pró­prio, mos­tra-se como um fil­me de ter­ror psi­co­ló­gi­co, sobre uma inves­ti­ga­ção poli­ci­al, bas­tan­te capaz e com a capa­ci­da­de de surpreender.

É um thril­ler que acom­pa­nha uma inves­ti­ga­do­ra do FBI na pro­cu­ra por um seri­al-kil­ler, depois uma onda de assas­si­na­tos. A his­tó­ria pode pare­cer um pou­co bási­ca, a prin­cí­pio, mas fun­ci­o­na extre­ma­men­te bem do iní­cio ao fim, estan­do mui­to bem desenvolvida.

A per­so­na­gem prin­ci­pal, inter­pre­ta­da por Mai­ka Mon­roe (que tam­bém já tinha algum repor­tó­rio no que toca a fil­mes do géne­ro como, por exem­plo, em “It Foll­lows”), aqui enquan­to agen­te do FBI, desem­pe­nha um papel exí­mio, por vezes com bas­tan­te com­ple­xi­da­de, essa que é extre­ma­men­te bem exe­cu­ta­da. No lado opos­to, é‑nos apre­sen­ta­do um seri­al-kil­ler inter­pre­ta­do por Nico­las Cage, que tam­bém desem­pe­nha um papel que, para além de mui­to bem escri­to, me pare­ce ser dos melho­res da car­rei­ra do ator. Toda a sua trans­for­ma­ção para aque­la per­so­na­gem fun­ci­o­na extre­ma­men­te bem e a exe­cu­ção é mui­to bem con­se­gui­da. Por­tan­to, os papéis prin­ci­pais estão, para além de mui­to bem escri­tos, extre­ma­men­te bem exe­cu­ta­dos, tal como a per­so­na­gem da Ali­cia Witt.

No que toca aos aspe­tos mais téc­ni­cos, o fil­me tem um design de som e cine­ma­to­gra­fi­as impres­si­o­nan­tes. O esti­lo de rea­li­za­ção que o fil­me tem cor­res­pon­de à ima­gem que o fil­me quer pas­sar e nis­so, de fac­to, Per­kins está de para­béns, por con­se­guir fazer-nos sen­tir na pele tudo o que está a trans­mi­tir na tela. As emo­ções da per­so­na­gem prin­ci­pal são ver­da­dei­ra­men­te vivi­das pelo espec­ta­dor duran­te o visi­o­na­men­to do filme.

O fil­me tem sido cri­ti­ca­do por ter mui­tas seme­lhan­ças com o clás­si­co de 1991 “O Silên­cio dos Ino­cen­tes” e, na minha opi­nião, este é, na ver­da­de um elo­gio ao fil­me. Ambas as obras são fil­mes de ter­ror bas­tan­te sóli­dos, que bri­lham igualmente. 

Por fim, a men­sa­gem que o fil­me nos dei­xa é que não impor­ta o quão assus­ta­dor o fil­me é, mas o quão nos dei­xa assus­ta­dos. E nis­so, “Lon­glegs” brilha.

Escri­to por:Guilherme Paiva