Apontamentos da Selecção Caminhos

A XXII Edi­ção dos Cami­nhos já se encon­tra a meio e mui­to do melhor do nos­so cine­ma já foi pro­jec­ta­do em gran­de tela. A gala de aber­tu­ra, no Mos­tei­ro San­ta Cla­ra-a-Nova, foi com­pos­ta por um cres­cen­do cine­ma­to­grá­fi­co. O cine­ma é fei­to, ide­al­men­te, para mui­tos. Vari­a­dos são os espec­ta­do­res e os seus gos­tos, ten­do a ses­são de aber­tu­ra repre­sen­ta­do uma mos­tra da pos­si­bi­li­da­de de cri­a­ção de fil­mes: um for­ma­to aca­dé­mi­co, de ani­ma­ção e de gran­de produção.
Cerimonia AberturaA XXII Edi­ção dos Cami­nhos já se encon­tra a meio e mui­to do melhor do nos­so cine­ma já foi pro­jec­ta­do em gran­de tela. A gala de aber­tu­ra, no Mos­tei­ro San­ta Cla­ra-a-Nova, foi com­pos­ta por um cres­cen­do cine­ma­to­grá­fi­co. O cine­ma é fei­to, ide­al­men­te, para mui­tos. Vari­a­dos são os espec­ta­do­res e os seus gos­tos, ten­do a ses­são de aber­tu­ra repre­sen­ta­do uma mos­tra da pos­si­bi­li­da­de de cri­a­ção de fil­mes: um for­ma­to aca­dé­mi­co, de ani­ma­ção e de gran­de produção.

photo-5-chicburguerlingo

Em “Banho de Para­gem” vimos a últi­ma obra rea­li­za­da em con­tex­to do nos­so cur­so de ini­ci­a­ção à rea­li­za­ção, ven­do os conhe­ci­men­tos adqui­ri­dos colo­ca­dos em prá­ti­ca pelo gru­po de alu­nos de “Cine­ma­lo­gia 5”. A ani­ma­ção “#LINGO”, de Vicen­te Niro, exi­be-nos a ambi­ção subs­tan­ti­fi­ca­da do cri­a­dor. Ten­do sido ven­ce­dor da Selec­ção Ensai­os da últi­ma edi­ção do fes­ti­val, mos­trou-nos este ano nova­men­te a sua obra. Ini­ci­an­do a sua par­ti­ci­pa­ção nos Cami­nhos em oca­sião de estu­dan­te, hoje mos­tra-se com matu­ri­da­de pro­fis­si­o­nal e já como refe­rên­cia da ani­ma­ção naci­o­nal, dan­do actu­al­men­te for­ma­ções na área. Com “Refri­ge­ran­tes e Can­ções de Amor”, uma comé­dia musi­cal, tive­mos o iní­cio da nos­sa com­pe­ti­ção da Selec­ção Cami­nhos, apre­sen­tan­do-nos uma sim­bi­o­se entre o fil­me e a músi­ca, o amor e a ima­gi­na­ção, a inge­nui­da­de e o receio de gos­tar. Um fil­me que entre­tém e ins­pi­ra e por isso com a capa­ci­da­de ime­di­a­ta de con­quis­tar o espectador.

eldorado

Ain­da den­tro da temá­ti­ca da fusão das artes pelo cine­ma, impor­ta dar rele­vân­cia aos fil­mes “Lan­ding” (Fili­pe Mar­tins) e “Eldo­ra­do” (Rui Edu­ar­do Abreu, Thi­er­ry Bes­se­ling e Loïc Tan­son) que enri­que­ce­ram a nos­sa per­cep­ção de dan­ça con­tem­po­râ­nea, da per­for­man­ce artís­ti­ca e da esté­ti­ca no movi­men­to. Estí­mu­lo da ima­gi­na­ção cri­a­ti­va, leva­ram o espec­ta­dor numa via­gem pro­fun­da pela crí­ti­ca soci­al (e inter­ven­ti­va) ten­do a dan­ça e o cine­ma como ins­tru­men­to de divul­ga­ção da men­sa­gem de cerne.

cravosearocha

Luí­sa Sequei­ra mos­trou-nos o seu docu­men­tá­rio “Os Cra­vos e a Rocha”, dan­do-nos a conhe­cer Glau­ber Rocha e o seu tra­ba­lho de cine­as­ta aten­to e crí­ti­co, no momen­to de uma revo­lu­ção des­co­nhe­ci­da por mui­tos e incom­pre­en­di­da por uma outra par­te. Um aler­ta para a neces­si­da­de de cons­ci­ên­cia polí­ti­ca e soci­al, da revol­ta de den­tro para fora e não de fora para den­tro. De toma­da de posi­ção base­a­da no real e não ape­nas no ide­a­li­za­do colectivamente.

damas

A sema­na foi ini­ci­a­da com uma ses­são dedi­ca­da à mulher, ten­do como pon­to for­te a pro­du­ção da SP do “Jogo de Damas” (Patrí­cia Sequei­ra), que mani­fes­ta a cum­pli­ci­da­de e ami­za­de infran­gí­vel de um gru­po de ami­gas. Esta obra con­se­gue expor a mulher como um todo, per­so­ni­fi­can­do as suas vári­as pos­si­bi­li­da­des de face­ta pelo gru­po de intér­pre­tes que com­põem o filme.

pedrorochas

A ado­les­cên­cia e iní­cio de adul­tí­cia são pau­ta­dos pela des­co­ber­ta, pela pro­cu­ra do des­co­nhe­ci­do, pelo deci­frar do meio e do outro. É o encon­trar da cum­pli­ci­da­de e da ami­za­de, que nos são mos­tra­dos sub­til­men­te em “Rochas e Mine­rais” (Miguel Tava­res). Em “Pedro”, André San­tos e Mar­co Leão levam-nos ao sen­ti­men­to de carên­cia, da soli­dão, da neces­si­da­de e pro­cu­ra do toque, da inda­ga­ção de uma cum­pli­ci­da­de difi­cil­men­te alcan­çá­vel. Um fil­me que deam­bu­la entre a pro­mis­cui­da­de da vida e a praia do iso­la­men­to pro­fun­do impos­to pelas emo­ções caóticas.

zeus

Manu­el Tei­xei­ra Ribei­ro repre­sen­tou um mar­co na cul­tu­ra polí­ti­ca por­tu­gue­sa, ape­sar de ser des­co­nhe­ci­do pela mai­o­ria. Um repre­sen­tan­te do van­guar­dis­mo cul­tu­ral e polí­ti­co, um artis­ta e pre­si­den­te da repú­bli­ca que se demi­tiu pela pres­são exer­ci­da em cima de si por uma moral judai­co-cris­tã nefas­ta para a soci­e­da­de. “Zeus” (Pau­lo Fili­pe Mon­tei­ro) é um fil­me que ins­trui e aspi­ra o alen­to da pos­si­bi­li­da­de de uma polí­ti­ca em Por­tu­gal pau­ta­da pela arte e pelo pen­sa­men­to progressista.

Dias reche­a­dos de cine­ma por­tu­guês, de ima­gens mar­can­tes, de arte expos­ta em ecrã e dis­po­ní­vel a qual­quer espectador.

Um até já,

João R. Pais,

Selec­ção Caminhos

Fon­te.