Crise no cinema português discutida na Primeira MasterSession

DSC 0375Com vári­as opi­niões e pon­tos de vis­ta em cima da mesa, assim decor­reu a pri­mei­ra Mas­ter­Ses­si­on da XXIV edi­ção do Fes­ti­val Cami­nhos do Cine­ma Por­tu­guês. Dia 26, pelas 18h, na Sala do Car­vão, foi pos­to em dis­cus­são o tema “A repre­sen­ta­ção da cri­se no cine­ma por­tu­guês nos fes­ti­vais de cine­ma europeus”.

Pau­lo Cunha, inves­ti­ga­dor e pro­gra­ma­dor, Fili­pa Reis, dire­to­ra do cine­ma e Saúl Rafa­el, res­pon­sá­vel pela equi­pa de Mar­ke­ting cine­ma­to­grá­fi­co da NOS Luso­mun­do Audi­o­vi­su­ais foram os inter­ve­ni­en­tes do deba­te. O mes­mo foi mode­ra­do por Sér­gio Dias Bran­co, pro­fes­sor auxi­li­ar de Estu­dos Fíl­mi­cos da Uni­ver­si­da­de de Coimbra.

Diver­sas opi­niões foram par­ti­lha­das pelos ora­do­res, mas todos con­cor­dam que “o cine­ma por­tu­guês sofre uma cri­se per­ma­nen­te”, afir­ma Pau­lo Cunha. As prin­ci­pais cau­sas apon­ta­das a esta pro­ble­má­ti­ca foram, segun­do Fili­pa Reis, “o inte­res­se pelos fil­mes inter­na­ci­o­nais em detri­men­to dos naci­o­nais e a fal­ta de finan­ci­a­men­to” para fazer a séti­ma arte por­tu­gue­sa che­gar mais longe.

Saúl Rafa­el deli­ne­ou que o obje­ti­vo “é encher as salas”. Reco­nhe­ce que o públi­co lusi­ta­no mos­tra mai­or inte­res­se pela indús­tria fíl­mi­ca de esti­lo mais comer­ci­al, o que não deve levar à des­va­lo­ri­za­ção do cine­ma por­tu­guês. Como res­pos­ta à pos­sí­vel dimi­nui­ção do pre­ço dos bilhe­tes para o mes­mo, o repre­sen­tan­te da NOS Luso­mun­do Audi­o­vi­su­ais defen­de que tal seria “pôr o cine­ma naci­o­nal numa segun­da categoria”.

Fili­pa Reis enfa­ti­za a neces­si­da­de de uma estra­té­gia a lon­go pra­zo. “Temos de pen­sar naqui­lo que vai fun­ci­o­nar daqui a 10 anos, não daqui a um ano”, subli­nha. Afir­ma que a séti­ma arte por­tu­gue­sa “pre­ci­sa de pes­so­as que tenham a ousa­dia de ten­tar e arris­car”. Saúl Rafa­el tam­bém acre­di­ta numa mudan­ça de estra­té­gia para o cine­ma por­tu­guês. Con­si­de­ra que “fal­ta um pla­no cole­ti­vo” e que é tudo “mui­to com­pac­ta­do”. Acres­cen­ta que o cine­ma por­tu­guês “é rea­li­za­do e pen­sa­do num cir­cui­to um boca­do fecha­do”, o que difi­cul­ta a sua internacionalização.

Pau­lo Cunha expõe a fal­ta de exi­bi­do­res em Por­tu­gal em rela­ção ao seu núme­ro de dis­tri­bui­do­res. “O Esta­do ape­nas per­mi­te que o cine­ma seja mono­po­li­za­do por uma ou duas empre­sas”, jus­ti­fi­ca. O inves­ti­ga­dor e pro­gra­ma­dor defen­de o inves­ti­men­to em salas e des­ta­ca a impor­tân­cia para a repo­si­ção de fil­mes nas mes­mas. Rei­te­ra que as “cri­ses eco­nó­mi­cas afe­tam a pro­du­ção cine­ma­to­grá­fi­ca em qual­quer espa­ço”, mas que o caso por­tu­guês assi­na­la outros problemas.

As Mas­ter­Ses­si­ons con­ti­nu­am nos dias 28 e 30 de novem­bro, com mais temas a deba­te sobre a séti­ma arte. “Novas pro­pos­tas for­mais no cine­ma con­tem­po­râ­neo” e “O valor de uma mar­ca do/no Cine­ma Por­tu­guês” mar­cam res­pe­ti­va­men­te a ordem das duas pró­xi­mas ses­sões pelas 18h na Sala do Carvão. 

Ana Lage

Sai­ba mais na seguin­te liga­ção: Cri­se no cine­ma por­tu­guês dis­cu­ti­da na Pri­mei­ra Mas­ter­Ses­si­on.