Seder-Masochism

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O cine­ma é, para além de um objec­to lúdi­co, uma fer­ra­men­ta de comu­ni­ca­ção, edu­ca­ção e sen­si­bi­li­za­ção. Con­ti­nu­an­do a pro­mo­ção do cine­ma de ani­ma­ção como uma fer­ra­men­ta crí­ti­ca da soci­e­da­de é exi­bi­da a 12 de Feve­rei­ro, às 21h45 no Mini-Audi­tó­rio Sal­ga­do Zenha, a lon­ga-metra­gem Seder-Maso­chism, de Nina Paley. 

Estre­a­da em 2018 no fes­ti­val de Annecy e ven­ce­do­ra do pré­mio do públi­co do fes­ti­val pola­co Ani­ma­tor, é uma pelí­cu­la que explo­ra o “Livro do Êxo­do”, espe­ci­al­men­te his­tó­ri­as asso­ci­a­das ao Sêder de Pes­sa­ch, como a mor­te do pri­mo­gê­ni­to egíp­cio e Moi­sés levan­do os isra­e­li­tas à escra­vi­dão no Egi­to. O fil­me des­cre­ve esses even­tos em um cená­rio de cul­to gene­ra­li­za­do à Gran­de Deu­sa Mãe, mos­tran­do a ascen­são do patriarcado.

Seguin­do vaga­men­te um Seder de Pás­coa tra­di­ci­o­nal, os even­tos do Livro do Êxo­do são recon­ta­dos por Moi­sés, Abrão, o Anjo da Mor­te, Jesus e o pró­prio pai do dire­tor. Mas há outro lado des­sa his­tó­ria: a deu­sa, a divin­da­de ori­gi­nal da huma­ni­da­de. O Seder-Maso­quis­mo res­sus­ci­ta a Gran­de Mãe em uma trá­gi­ca luta con­tra as for­ças do Patriarcado.

  • 78 minu­tos, cor, EUA
  • Téc­ni­cas: 2D digi­tal (Moho Pro, Macro­me­dia Flash 8) e bor­da­do (foto­gra­fia de bor­da­do e stop motion)
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Recep­ção do Fil­me
Após a exi­bi­ção de junho de 2018 no Annecy Inter­na­ti­o­nal Ani­ma­ted Film Fes­ti­val, o Hollywo­od Repor­ter escre­veu que o fil­me era “com­ple­ta­men­te irre­ve­ren­te, às vezes hilá­rio e poli­ti­ca­men­te evo­ca­ti­vo” e que “desa­fia a defi­ni­ção” com seus dife­ren­tes aspec­tos da comé­dia musi­cal, dese­nho psi­co­dé­li­co e épi­co reli­gi­o­so “inso­len­te”. Obser­va-se que Paley se diver­te “trans­for­man­do even­tos bíbli­cos” em núme­ros de músi­ca e dan­ça ao esti­lo de Busby Berkeley “. 

O jor­nal espa­nhol El Mun­do com­pa­rou a iro­nia do fil­me e a apa­ren­te inge­nui­da­de às obras dos irmãos Marx, dra­ma­tur­go ita­li­a­no. Dario Fo e Monty Python, escre­ven­do que Paley apli­ca comen­tá­ri­os níti­dos e pre­con­cei­tu­o­sos à his­tó­ria judai­ca, per­ma­ne­cen­do bri­lhan­tes e ridículos. 

O site fran­cês de cine­ma Cour­te-Foca­le com­pa­rou o seder-maso­quis­mo à vida de Bri­an, de Monty Python, escre­ven­do que Paley trou­xe um espí­ri­to “feroz­men­te bem-humo­ra­do” à tare­fa de ata­car a reli­gião patri­ar­cal, um ata­que rea­li­za­do com “agu­de­za e pre­ci­são” de uma manei­ra que desar­ma seus opo­nen­tes e pro­duz um resul­ta­do hilário. 

O ani­ma­dor gre­go Vas­si­lis Krous­tal­lis dis­se que o segun­do fil­me de Paley “é outra ten­ta­ti­va ousa­da … de asso­ci­ar a catás­tro­fe que a reli­gião pode tra­zer ao ego mas­cu­li­no”. Ele escre­veu que a core­o­gra­fia musi­cal é boa, mas a edi­ção sofre a jus­ta­po­si­ção de cenas diferentes. 

Vari­ety escre­veu que o fil­me era “deli­ci­o­sa­men­te inso­len­te” e inven­ti­vo, ape­sar de ser “epi­só­di­co e desi­gual” em sua apre­sen­ta­ção como uma série de cenas curtas.

Rea­li­za­do­ra
Nina Paley é a cri­a­do­ra do acla­ma­do fil­me de ani­ma­ção musi­cal Sita Sings the Blu­es. Suas aven­tu­ras em nos­so sis­te­ma que­bra­do de direi­tos auto­rais a leva­ram a ingres­sar no QuestionCopyright.org como Artis­ta Resi­den­te em 2008, onde pro­du­ziu uma série de cur­tas-metra­gens ani­ma­dos sobre liber­da­de inte­lec­tu­al cha­ma­das Minu­te Memes. O Seder-Maso­chism é sua segun­da longa-metragem.

Nina Bikes

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