Crónica do Festival – III

IMG 8751No ter­cei­ro dia do Fes­ti­val “Cami­nhos do Cine­ma Por­tu­guês” teve lugar, no Mini­au­di­tó­rio Sal­ga­do Zenha às 14.30h, a pri­mei­ra ses­são do ciclo “No Tri­lho dos Natu­ra­lis­tas”, uma ini­ci­a­ti­va cujo obje­ti­vo é trans­por­tar o espe­ta­dor, atra­vés do cine­ma, para ter­ri­tó­ri­os ao mes­mo tem­po pró­xi­mos e lon­gín­quos, como os dos paí­ses afri­ca­nos de lín­gua por­tu­gue­sa, ins­ta­lan­do a ênfa­se no con­tac­to do huma­no com a natu­re­za e na for­ma como esta pode ser lida por ele. Ontem foi a vez de Ango­la, de João Nico­lau, e tere­mos a pos­si­bi­li­da­de de assis­tir a mais três ses­sões des­te ciclo nos pró­xi­mos dias (até sábado).

Meia hora depois, na sala prin­ci­pal do TAGV, prin­ci­pi­a­va a pri­mei­ra ses­são do dia da Sele­ção Cami­nhos, com a par­ti­cu­la­ri­da­de de ser a pri­mei­ra Ses­são Seni­o­res des­te XXIII Fes­ti­val, ou seja, dedi­ca­da ao públi­co da 3ª ida­de, que nem sem­pre tem a opor­tu­ni­da­de de ver tan­to cine­ma quan­to gos­ta­ria. O fil­me exi­bi­do foi A Mãe é que Sabe, de Nuno Rocha, que, com um elen­co de luxo (Maria João Abreu, Mar­ga­ri­da Car­pin­tei­ro, Dali­la Car­mo, etc.), mui­to humor e uma con­ta­gi­an­te boa dis­po­si­ção, foi a esco­lha per­fei­ta para o públi­co que qua­se ocu­pa­va toda a sala. Hou­ve ain­da a opor­tu­ni­da­de de esta­be­le­cer um deba­te com Nuno Rocha, que assis­tia à exi­bi­ção, no qual foram dis­cu­ti­dos alguns dos assun­tos abor­da­dos pelo fil­me, tais como a evo­ca­ção da Memó­ria ou as esco­lhas que deter­mi­nam os nos­sos per­cur­sos de vida.

A ses­são das 17.30h, Tam­bém da Sele­ção Cami­nhos e ain­da na sala prin­ci­pal do TAGV, con­tou com a cur­ta-metra­gem Où En Êtes-Vous, João Pedro Rodri­gues?, na qual o rea­li­za­dor exe­cu­ta um bre­ve exer­cí­cio poé­ti­co e expe­ri­men­tal em tor­no da sua ati­vi­da­de mais recen­te por for­ma a elu­ci­dar-nos (ou não) acer­ca dos moti­vos do seu apa­ren­te “desa­pa­re­ci­men­to”, e com a lon­ga-metra­gem Al Ber­to, de Vicen­te Alves do Ó, uma feliz oca­sião para fazer vol­tar às salas de cine­ma este fil­me que recu­pe­ra um lado menos conhe­ci­do des­te poe­ta, ou seja, os anos que pas­sou em Sines antes de se tor­nar num autor reco­nhe­ci­do. No final da ses­são o rea­li­za­dor Vicen­te Alves do Ó e o ator Ricar­do Tei­xei­ra (intér­pre­te de Al Ber­to), que esta­vam na sala, acei­ta­ram o con­vi­te para fazer a apre­sen­ta­ção do fil­me e res­pon­der às ques­tões do públi­co, cri­an­do um momen­to de con­ver­sa ao mes­mo tem­po bas­tan­te inte­res­san­te e de inten­sa boa-disposição.

Às 21.45h come­çou a últi­ma ses­são da Sele­ção Cami­nhos des­te ter­cei­ro dia do Fes­ti­val, onde mais uma vez foi pos­sí­vel tes­te­mu­nhar a qua­li­da­de do nos­so novís­si­mo cine­ma. À lon­ga Antó­nio Um Dois Três, de Leo­nar­do Mou­ra­ma­teus, segui­ram-se as cur­tas Laran­ja Ama­re­lo, de Pedro Augus­to Almei­da, e Câma­ra Nova, de André Mar­ques. Com as suas abor­da­gens esté­ti­cas dis­tin­tas, são, con­tu­do, bas­tan­te pró­xi­mos na temá­ti­ca esco­lhi­da: as dinâ­mi­cas do amor e do desa­mor que se cri­am entre pes­so­as em trân­si­to, tan­to geo­grá­fi­co como tem­pe­ra­men­tal. E foi, por isso, este o mote do últi­mo deba­te do dia com os auto­res dos fil­mes, Miguel Mon­tei­ro, pro­du­tor de Antó­nio Um Dois Três, e André Mar­ques, rea­li­za­dor de Câma­ra Nova e pro­du­tor de Laran­ja Ama­re­lo. Ficou assim cum­pri­do mais um inten­so dia de “Cami­nhos do Cine­ma Por­tu­guês”, mas ain­da há mui­to cine­ma por­tu­guês para ver até domingo.

Bru­no Fontes

2017

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