Prazer, camaradas!” – o 25 de abril de ontem retratado pelos portugueses de hoje

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Na ses­são das 21h45, no dia 25 de novem­bro, do Fes­ti­val Cami­nhos do Cine­ma Por­tu­guês esti­ve­ram em exi­bi­ção duas obras naci­o­nais, entre elas, a cur­ta metra­gem “O Mar enro­la na areia”, de Cata­ri­na Mou­rão e, o docu­men­tá­rio “Pra­zer, cama­ra­das!” de José Fili­pe Cos­ta que, teve no mês de agos­to, a sua estreia mun­di­al no Fes­ti­val de Locar­no, na Suíça.

 “O Mar enro­la na areia” abriu a ses­são de segun­da-fei­ra, pin­tan­do a tela do ecrã do Tea­tro Aca­dé­mi­co Gil Vicen­te (TAGV) a pre­to e bran­co. A per­gun­ta levan­ta­da ao lon­go da cur­ta metra­gem e que vai sus­ci­tan­do a curi­o­si­da­de do espec­ta­dor é “quem é Cati­ti­nha?”. Com recur­so a ima­gens de arqui­vo e rela­tos sobre esta figu­ra, for­ne­ci­dos pela sua avó e outras pes­so­as da sua gera­ção, Cata­ri­na Mou­rão explo­ra vári­as his­tó­ri­as, numa ten­ta­ti­va de des­mis­ti­fi­car quem seria o homem de bar­bas brancas.

Conhe­ci­do por cami­nhar pelos are­ais por­tu­gue­ses, com um fato e sem­pre acom­pa­nha­do por um álbum de foto­gra­fi­as, Cati­ti­nha atraía todas as cri­an­ças que esta­vam na praia atra­vés do asso­bio do seu api­to. Ao lon­go da his­tó­ria, vári­os retra­tos fic­ci­o­nais são cri­a­dos em tor­no des­ta per­so­na­gem, tornando‑o num mito: é carac­te­ri­za­do como um homem que per­deu a sua filha; como um men­di­go que vivia à cus­ta das benes­ses de famí­li­as ricas; ou, como um pedó­fi­lo que, pode não ser tão ino­cen­te como aqui­lo que se julga.

Ao som da músi­ca “Cama­ra­das lá do nor­te, venham ao sul pas­se­ar”, um gru­po cons­ti­tuí­do pelo casal de emi­gran­tes Edu­ar­da e João e o estran­gei­ro Mick rumam, num perío­do pós-revo­lu­ção, em 1975, a coo­pe­ra­ti­vas de her­da­des em Por­tu­gal. Com um intui­to sobre­tu­do for­ma­ti­vo, os via­jan­tes ten­tam com­ba­ter três pro­ble­mas recor­ren­tes no seio de um gru­po ain­da influ­en­ci­a­do pelas idei­as do Esta­do Novo: a alfa­be­ti­za­ção, a ins­tru­ção e a edu­ca­ção sexual.

Duran­te o docu­men­tá­rio é pos­sí­vel ver uma mudan­ça abrup­ta de com­por­ta­men­tos. Antes da che­ga­da dos estran­gei­ros, as mulhe­res da coo­pe­ra­ti­va acei­ta­vam o seu papel de donas de casa, subor­di­na­das aos mari­dos. Con­tu­do, no final do tra­ma – influ­en­ci­a­das pelos ide­ais femi­nis­tas das mulhe­res estran­gei­ras –, exi­gem mudan­ças de ati­tu­de por par­te do sexo mas­cu­li­no. Ao lon­go do docu­men­tá­rio, os ido­sos assu­mem-se como jovens na casa dos 20, como se esti­ves­sem a viver nova­men­te o 25 de abril. Sem qual­quer pudor, abor­dam temas como a per­da da vir­gin­da­de rela­ci­o­na­da com o casa­men­to, o abor­to e o papel homem/ mulher na vida con­ju­gal e diária.

No final da ses­são, Car­la Gomes, uma espe­ta­do­ra assí­dua das edi­ções ante­ri­o­res do fes­ti­val con­fes­sou que, ape­sar da esco­lha da ses­são se ter pren­di­do com a dis­po­ni­bi­li­da­de, gos­tou dos fil­mes em exi­bi­ção, em par­ti­cu­lar o últi­mo. Opi­nião par­ti­lha­da por Mar­ga­ri­da San­ti­a­go,  espe­ta­do­ra, que veio para ver o segun­do docu­men­tá­rio, elo­gi­ou como foi des­cri­to de for­ma cri­a­ti­va “o pro­ces­so de viver numa coo­pe­ra­ti­va”, assim como, “a mis­tu­ra entre docu­men­tá­rio e filme”. 

Por Dia­na Ramos e Patrí­cia Silva

Na ses­são das 21h45, no dia 25 de novem­bro, do Fes­ti­val Cami­nhos do Cine­ma Por­tu­guês esti­ve­ram em exi­bi­ção duas obras naci­o­nais, entre elas, a cur­ta metra­gem “O Mar enro­la na areia”, de Cata­ri­na Mou­rão e, o docu­men­tá­rio “Pra­zer, cama­ra­das!” de José Fili­pe Cos­ta que, teve no mês de agos­to, a sua estreia mun­di­al no Fes­ti­val de Locar­no, na Suíça.

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